A reportagem VOX foi procurada nos últimos dias por uma família de Ipatinga, que perdeu, mês passado, uma jovem, de 18 anos, autista, após se sentir mal na instituição de ensino pública em que estudava.
Ana Lúcia Dias era aluna da Escola Estadual Laura Xavier Santana, no bairro Bom Jardim, em Ipatinga.
Segundo a família de “Aninha”, como a jovem era conhecida, no dia 18 de fevereiro, a mãe da vítima estava no bairro Veneza, também em Ipatinga, quando recebeu uma ligação de uma de suas filhas, menor de idade e também estudante da mesma instituição de ensino.
A irmã de Ana, em estado de pânico, pediu para que a mãe se dirigisse rapidamente à escola, já que a irmã passava mal, após, aparentemente, engasgar.
Aninha possuía diagnóstico de autismo nível 3 e era acompanhada por uma professora de apoio da escola estadual.
Ao chegar à escola, a mãe afirmou que encontrou sua filha desfalecida no chão.
A professora de apoio informou que a aluna teria passado mal.
No entanto, a mãe de Ana Lúcia Dias observou que havia um prato de comida ao lado da filha, o que indica, segundo ela, que era horário de recreio quando do ocorrido.
A mãe informou que, ao abrir a boca de Ana Lúcia, percebeu a presença de restos de comida, o que, segundo a família da jovem, contradiz a versão apresentada pela professora e aponta que Ana teria engasgado.
Pouco depois, equipes do SAMU e do Corpo de Bombeiros chegaram ao local, iniciaram manobras de reanimação e conseguiram estabilizar a vítima após várias tentativas.
Ana Lúcia foi encaminhada ao Hospital Márcio Cunha, Ipatinga, onde permaneceu internada até o dia 25 de fevereiro, quando faleceu.
Causas da morte
Segundo a família, as causas da morte foram registradas como encefalopatia hipóxico-isquêmica; parada cardiorrespiratória; broncoaspiração e déficit cognitivo.
Dia seguinte
No dia seguinte, 19 de fevereiro, a mãe de Aninha afirmou que foi à escola estadual do Bom Jardim para buscar esclarecimentos com a diretoria da instituição, que teria informado à mãe da jovem ter solicitado, no dia do ocorrido, ajuda na unidade de saúde em frente à escola, mas que foi informada de que a médica do posto não poderia se deslocar até a instituição.
Posteriormente, a mãe de Ana Lúcia foi até a mesma unidade de saúde, onde funcionários teriam relatado a ela que uma servidora da escola havia comparecido ao local e informado que uma aluna passava mal, mas que, segundo relato da mãe de Ana Lúcia, essa mesma servidora da instituição de ensino logo retornou à escola sem solicitar atendimento.
Ainda segundo os funcionários da unidade de saúde, a atendente orientou que a estudante fosse levada até a mesma UBS para avaliação.
Agentes de saúde foram então enviados à escola para averiguar a situação, porém, no local, de acordo com apuração da reportagem VOX, encontraram a aluna já desfalecida, na presença da mãe.
Suspeita de negligência
A família de Ana Lúcia Dias, que acionou a Polícia Militar para registrar boletim de ocorrência, suspeita de negligência e agora quer justiça, ao afirmar que acionará o Governo do Estado de Minas Gerais nos tribunais.
Questionamentos
Aos canais VOX, os familiares de Ana Lúcia Dias, questionaram a falta de preparo da escola e de seus profissionais no fatídico caso, mesmo diante de todas as informações sobre o estado de saúde já conhecido da jovem de 18 anos, estudante daquela instituição de ensino nos últimos seis anos.
A troca, em 2025 e sem justificativa, da antiga professora de apoio da autista, ou seja, de uma profissional já familiarizada nos cuidados de “Aninha” na mesma escola; a ausência de apoio por parte da instituição de ensino; insensibilidade por parte da direção da escola ao manter a continuidade das aulas nos mesmos turno e dia, mesmo com a aparente apreensão vivenciada sobretudo pelos alunos da referida instituição, logo após Ana Lúcia ter sido levada às pressas ao hospital; e a exigência “descabida”, pela direção escolar, de uniforme, ao não permitir a entrada para aulas, na instituição de ensino do Bom Jardim, de alunos parentes de Ana Lúcia, que usavam, naquela data, camisas que a homenageavam, dias após sua morte, também foram questionamentos feitos pela família da vítima à reportagem VOX.
VOX Cidade
O programa VOX Cidade, da VOX FM, recebeu, no último dia 13, a mãe e o padrasto de Ana Lúcia Dias.
Ouça os principais trechos dos depoimentos dos dois familiares sobre a morte da jovem:
Veja toda a entrevista ao VOX Cidade no dia 13 de março:
Governo de MG
Procurado pelos canais VOX, o Governo de Minas Gerais se manifestou por meio de nota.
Veja a íntegra da nota do Estado:
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) lamenta profundamente a fatalidade ocorrida com a aluna da Escola Estadual Laura Xavier Santana, em Ipatinga, e expressa solidariedade à família, aos amigos e a toda a comunidade escolar neste momento de grande tristeza.
Assim que a situação ocorreu, a direção da escola agiu prontamente, acionando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que prestou os primeiros socorros e conduziu a estudante ao Pronto-Socorro do município, onde recebeu atendimento médico especializado.
Paralelamente, a direção da escola comunicou a Superintendência Regional de Ensino (SRE) e a Secretaria de Estado de Educação para o acompanhamento do caso.
Além disso, o Núcleo de Acolhimento Educacional (NAE) foi imediatamente acionado para prestar apoio psicológico e emocional à família da estudante, aos colegas de turma, professores e demais membros da comunidade escolar.
A SEE/MG reafirma seu compromisso com a segurança, o bem-estar e a qualidade da educação de todos os alunos, reforçando a importância de medidas de acolhimento e assistência em momentos tão delicados.
A Secretaria segue acompanhando de perto o caso e prestando todo o suporte necessário à família e à escola.