O Governo de Minas Gerais decretou situação de emergência em saúde pública devido ao aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, a SRAG, no estado. A medida foi publicada nesta sexta-feira, 2 de maio, e vale por 180 dias.
Com o decreto, o estado pode tomar medidas imediatas para enfrentar a alta dos casos. Entre as ações estão a contratação de profissionais de saúde, aquisição de insumos e ampliação da rede de atendimento.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde, Minas Gerais já registrou, até o dia 26 de abril, mais de 26 mil internações por SRAG e 397 mortes somente neste ano. Crianças de até um ano e idosos acima de 60 concentram a maior parte das internações.
Como parte da resposta, foi criado o Centro de Operações de Emergência em Saúde para SRAG, que vai monitorar e coordenar as ações durante o período de emergência.
Para reforçar o atendimento, a Secretaria de Saúde já iniciou o repasse de recursos a hospitais que abrirem ou adaptarem leitos pediátricos.
O estado também conta com uma Sala de Monitoramento de Vírus Respiratórios, que acompanha a circulação de vírus em Minas e dá suporte a decisões rápidas em áreas como vigilância, assistência e vacinação.
O Comitê Estadual de Vírus Respiratórios segue se reunindo quinzenalmente, com possibilidade de encontros mais frequentes. A próxima reunião já tem data: 24 de junho.
Outra frente importante é a vacinação contra a gripe, que agora faz parte do calendário de rotina. Até agora, Minas recebeu 5,7 milhões de doses e ampliou a imunização para toda a população acima de 6 meses de idade. A meta é atingir 90% de cobertura vacinal.
Para ajudar nessa missão, o estado conta com 222 vacimóveis — vans adaptadas como salas de vacinação móveis, presentes em diversas regiões. Além disso, profissionais da saúde em todo o estado estão recebendo capacitação contínua por meio de treinamentos, webinários e aulas online.
Ações de enfrentamento no Vale do Aço - Timóteo
Os municípios também estão se preparando para o enfrentamento do aumento de casos. Em Timóteo, a Prefeitura informou por meio de nota que a Secretaria Municipal de Saúde e Qualidade de Vida,está com o foco nas ações de prevenção, com campanhas de incentivo e intensificação da vacinação, bem como a disponibilização da vacina contra a gripe nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) que possuem sala de vacina.
Também está em andamento a vigilância ativa das notificações, que devem ocorrer de forma compulsória e imediata, e a orientação contínua da população.
Desde o início do ano até o momento, foram notificados 32 casos de SRAG no município. Ainda de acordo com a Prefeitura de Timóteo, a Secretaria de Saúde mantém constante monitoramento da situação em conjunto com a Superintendência Regional de Saúde, visando antecipar ações e adotar medidas mais incisivas e eficazes para o controle e prevenção do avanço tanto da SRAG quanto de outras doenças infecciosas virais.
A prefeitura informou ainda que a Secretaria segue atenta a cada caso registrado, com o compromisso de proteger a saúde da população timotense. Uma ampla campanha para incentivar os cidadãos a se vacinarem é elaborada, no momento, tendo o seu start previsto ainda para esta semana.
Uma das medidas é o Posto especial de vacinação, que será montado nesta terça (06) e quarta (07), de 8h às 16h, no Paço Municipal (Avenida Acesita, 3230, bairro São José).
Ipatinga
A Prefeitura de Ipatinga anunciou que está ampliando a vacinação contra a influenza (gripe) para toda a população com idade a partir de 6 meses, conforme deliberação do Governo de Minas.
Apesar da campanha em andamento, os índices de cobertura vacinal permanecem muito abaixo da meta de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde para os grupos prioritários. Em Ipatinga, por exemplo, dados do sistema Sanitas indicam que apenas 23,17% dos idosos, 10,78% das crianças e 27,05% das gestantes foram imunizados até o momento.
O secretário de Saúde, Walisson Medeiros, destaca ainda que a imunização é fundamental para manter o equilíbrio da rede de saúde. “Vacinar é um ato de proteção coletiva. Quanto mais pessoas se imunizam, conseguimos evitar agravamentos e manter nossos hospitais funcionando com segurança para todos”, pontua.
Para ampliar o acesso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) estão com horários estendidos e ações com o vacimóvel estão sendo realizadas em locais de grande circulação.
HMC
O pediatra e oncologista pediátrico, Dr. Lucas Teiichi, coordenador da pediatria do Hospital Márcio Cunha (HMC) explica o que é a SRAG e orienta sobre as medidas preventivas essenciais para enfrentar esse surto.
“A Síndrome Respiratória Aguda Grave é uma complicação grave das infecções virais, que, no contexto pediátrico, é frequentemente causada por vírus como o Respiratório Sincicial (VSR), influenza A e B, além da COVID-19. É caracterizada por dificuldades respiratórias e queda nos níveis de oxigênio, podendo evoluir rapidamente para complicações fatais, especialmente em crianças e idosos”, detalha.
De acordo com o pediatra, as crianças com condições preexistentes, como doenças respiratórias crônicas, asma ou imunossupressão, apresentam maior risco de evolução para a SRAG. “Essas crianças têm maior risco de evoluir com suas infecções virais para síndrome respiratória e aguda grave. Com isso, aumenta-se a procura pelos serviços de urgência em pediatria e a lotação dos serviços de terapia intensiva pediátrica ", explica.
Dr. Lucas alerta para a importância de cuidados preventivos, especialmente entre as crianças, grupo que está mais vulnerável à SRAG. “Primeira coisa é reforçar os cuidados de higienização, a lavagem correta e frequente das mãos e orientá-las que evitem levar as mãos e objetos da boca.
Além disso, é importante que, caso as crianças apresentem sintomas gripais, não as levar para creche ou escola até a sua completa resolução. O cuidado deve ser redobrado com as crianças que apresentam condições de maior risco, como as imunossuprimidas, as asmáticas e aquelas que têm outras condições respiratórias previamente conhecidas, evitando o contato com pessoas com sintomas gripais”, destaca.
O pediatra do Hospital Márcio Cunha reforça, ainda, a necessidade de manter o calendário vacinal em dia, incluindo a vacina contra a gripe. "Manter as vacinas em dia é uma das formas mais eficazes de prevenir infecções respiratórias graves", afirma o especialista.
Quando procurar ajuda médica
O médico explica que é importante observar os sinais de alerta para evolução para um quadro grave, incluem febre alta, sonolência intensa, dificuldade para respirar, chiado no peito, sensação de falta de ar, dificuldade para amamentar ou pele arroxeada. “Nestes casos, é fundamental procurar imediatamente um centro de urgência pediátrica”, alerta.
Para as crianças com sintomas leves, como febre baixa, congestão nasal ou tosse, o ideal é mantê-las em casa, com repouso e hidratação adequada. "Evitar idas desnecessárias aos serviços de urgência é essencial, pois essas unidades estão sobrecarregadas, e eleva o risco de maior exposição a outras doenças", alerta o Dr. Lucas.