O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não há interesse, de parte a parte, em manter diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e voltou a fazer críticas ao líder norte-americano.
“Se, como representante do Estado norte-americano, ele quiser falar com o Lula, representante do Estado brasileiro, eu falarei com ele tranquilamente. Mas até agora eu não tive nenhum interesse. Se algum dia eu tiver um problema e precisar ligar para ele, eu ligarei”, disse Lula em entrevista publicada nesta quinta-feira (8) pela revista The New Yorker.
Desde que Trump assumiu a presidência dos EUA, em janeiro deste ano, os dois não conversaram. No único momento em que estiveram no mesmo local, durante o funeral do Papa Francisco no Vaticano, não se cumprimentaram.
A relação entre os dois líderes esfriou ainda mais após o governo americano impor tarifas sobre a importação de aço brasileiro, dentro de um pacote que afetou também diversos outros países, com uma taxa geral de 10%.
“Haverá reciprocidade. Mas, antes de haver reciprocidade, queremos mostrar aos Estados Unidos o que 200 anos de relações comerciais e diplomáticas entre o Brasil e os EUA representam”, declarou Lula. Ele também ironizou as ambições políticas de Trump ao afirmar que o republicano quer “dominar a Groenlândia e transformar o Canadá em um Estado americano: A única coisa que falta para ele tomar é a Antártica”.
Telefonema com Putin e críticas à guerra na Ucrânia.
Na mesma entrevista, Lula revelou ter conversado recentemente com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, cobrando o fim da guerra na Ucrânia. Para o presidente brasileiro, o líder russo tem papel importante no cenário internacional.
“Liguei para Putin e disse: 'Putin, acho que está na hora de você voltar para a política. Acabar com isso. O mundo precisa de política, não de guerra. Você faz falta. Não há pessoas suficientes para sentar à mesa e discutir o destino do planeta: ‘O que queremos para a humanidade?’”.
Lula está em Moscou para participar, nesta sexta-feira (9), da cerimônia pelos 80 anos do Dia da Vitória, que marca a derrota da Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial. Nesta quinta (8), Putin recebe o presidente brasileiro para um jantar.