O corte no preço da gasolina anunciado pela Petrobras no início da semana ainda não se refletiu de forma significativa nas bombas. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o valor médio do litro caiu apenas R$ 0,02 nos últimos dias, chegando a R$ 6,25. A estimativa da estatal era de que o consumidor sentiria uma redução de R$ 0,12 por litro.
Levantamento da empresa ValeCard, com base em transações realizadas entre domingo (1º) e quinta-feira (6), confirma a lentidão no repasse. Em apenas dez estados houve queda no preço médio, sendo que em só três deles a redução superou R$ 0,05 por litro.
O ritmo lento de queda reacende o debate sobre o papel da revenda de combustíveis. Tanto o governo quanto a Petrobras vêm fazendo críticas à demora no repasse das reduções anunciadas. A presidente da estatal, Magda Chambriard, chegou a pedir que os consumidores pressionem os donos de postos a repassar os cortes.
Já o Paranapetro, sindicato que representa os postos do Paraná, afirmou que a responsabilidade recai sobre as distribuidoras, que seriam as responsáveis por definir a velocidade do repasse. Segundo a entidade, cortes anteriores no preço do diesel, por exemplo, não foram repassados integralmente pelas principais distribuidoras.
Dados mais recentes da ANP mostram, no entanto, que desde o pico registrado em fevereiro, as distribuidoras reduziram em R$ 0,37 o preço por litro da gasolina, enquanto a queda média nos postos foi de R$ 0,39 no mesmo período.
Nesta semana, a queda nos preços dos combustíveis desacelerou. O diesel S-10 teve redução de apenas R$ 0,01, com preço médio de R$ 6,05 por litro. Já o etanol hidratado foi vendido, em média, a R$ 4,24 – R$ 0,03 a menos que na semana anterior, beneficiado pelo início da moagem da safra de cana-de-açúcar.
A variação no preço da gasolina tem forte influência na inflação, já que o combustível é o item de maior peso no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para a política monetária. Segundo o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), se o corte estimado pela Petrobras for de fato repassado ao consumidor, o impacto seria de uma redução de 0,10 ponto percentual no índice.
