A cidade de Antônio Dias agora tem registrada em livro uma parte importante da sua história e da memória de seus moradores. Intitulada “A gente é que sabe”, a publicação é fruto do projeto artBEM e foi lançada no último sábado (14), no Casarão Cultural Manuel de Barros, no Centro da cidade. O livro reúne fotografias, relatos e textos da comunidade e se apresenta como uma extensão da exposição homônima realizada em maio de 2023.
A obra celebra a identidade local e valoriza a oralidade e a presença dos povos e territórios tradicionais como formas de resistência e afirmação cultural. Com imagens que retratam moradores em seus cotidianos, cercados por objetos de trabalho, arte e fé, o livro também traz textos de quatro mulheres — Lindaura, Terezinha, Graça e Margarida — desenvolvidos a partir de conversas gravadas e editadas com a colaboração de familiares.
Segundo os diretores da Aventura Produtora, Anaís Della Croce e Gabriel Murilo, responsáveis pela realização do projeto artBEM, a publicação transforma a exposição em um “documentário perene da memória das pessoas retratadas e da cidade de Antônio Dias”. Eles destacam que o trabalho foi construído com profundo respeito à oralidade e às histórias de vida de cada participante.
A professora Delvânia Lorena de Souza também reforça a importância da obra como instrumento de preservação e conexão: “Este livro é uma ponte — feita de vozes, imagens e presença — que conecta gerações e mundos diferentes. É um testemunho vivo da força que há em recordar e transmitir”.
O diretor criativo da Aventura e organizador da publicação, Filipe Lampejo, destaca que o livro nasceu de encontros afetuosos com moradores de diferentes distritos, comunidades e povoados. “Fazer esse livro foi passar um tempo olhando os retratos e buscando ali o que só eles sabem”, afirma.
Além do livro, o projeto artBEM também é responsável pelo Jornal de Antônio, uma publicação semestral produzida pelos próprios moradores. A segunda edição já está circulando gratuitamente na cidade, trazendo poesias, causos, receitas, entrevistas e até uma cruzadinha — tudo feito por integrantes da própria comunidade.
A jovem Larissa Souza Silva, de 16 anos, teve a oportunidade de publicar sua primeira história em quadrinhos no jornal. Estudante da Escola Estadual Professor Letro, ela foi incentivada por sua professora Helena Oliveira, que destaca a importância do acolhimento e do incentivo aos talentos locais, especialmente entre os alunos da Educação Especial. “Com apoio e escuta sensível, é possível desenvolver habilidades e fortalecer sonhos”, afirma.
O projeto artBEM é realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da BEMISA e apoio da Lei Paulo Gustavo, operacionalizada pelo Governo de Minas Gerais por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo. A iniciativa também integra as ações do Ministério da Cultura e do Governo Federal sob o lema "União e Reconstrução".
Com essa nova etapa, o projeto reforça sua proposta de dar visibilidade às histórias locais e valorizar o patrimônio imaterial da região, fortalecendo laços comunitários por meio da arte, da escuta e da participação social.
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