A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a gestão do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ) em Timóteo, realizou mais uma oitiva nesta terça-feira (1º), na Câmara Municipal. Foram convocados para prestar esclarecimentos os senhores Rafael Campello, gerente operacional da gestora, Benedito Jendiroba, diretor financeiro, e Jefferson Mendonça, gerente de suprimentos.
Durante a sessão, o presidente da CPI, vereador Adriano Alvarenga, intensificou os questionamentos sobre a alegada dívida de R$11 milhões que o HMTJ afirma ter a receber da Prefeitura. O município, por sua vez, por meio das declarações prestadas, sustenta que já repassou integralmente os valores devidos ao hospital e que resta em aberto apenas o montante de R$33 mil, o que colocaria em dúvida a versão apresentada pela gestora da unidade.
O investigado Rafael Campello, acompanhado de advogado, se recusou a apresentar documentos relacionados ao faturamento não realizado, afirmando que os dados serão apresentados em juízo no momento oportuno. O gerente também evitou responder se houve cortes nos repasses por parte do município, novamente se limitando a dizer que tratará o assunto na Justiça.
A postura de silêncio gerou atritos durante a oitiva, especialmente com o presidente da Câmara, vereador Adriano Alvarenga, que insistiu em obter esclarecimentos sobre a queda na qualidade do atendimento no hospital ao longo dos últimos meses do contrato. Campello negou que tenha havido abandono por parte da instituição, e atribuiu os problemas à redução drástica no repasse municipal em janeiro, quando o hospital teria recebido apenas R$72 mil, diante de um custo mensal estimado em R$3 milhões.
Já o diretor financeiro do HMTJ, Benedito Jendiroba, explicou que o hospital é uma entidade 100% SUS e filantrópica, e que qualquer sobra contratual deve ser devolvida ao contratante. Ele detalhou o modelo de compras adotado pela instituição, baseado em leilões reversos e centralização de aquisições para obter economia de escala.
Jendiroba confirmou que o valor mensal previsto no contrato era de aproximadamente R$ 3,4 milhões, mas afirmou que o hospital recebia, na maioria das vezes, repasses a menor. Indagado sobre os motivos dos pagamentos incompletos, respondeu que essa informação caberia ao contratante e que não dispunha de detalhes.
Sobre o cumprimento de metas e a possibilidade de glosas (descontos por metas não atingidas), o diretor também não soube responder com precisão. Ele se comprometeu a fornecer as informações por meio de ofício à comissão.
O diretor financeiro ainda ressaltou que o hospital mantém um sistema aberto de transparência, com todas as informações de faturamento, notas fiscais e prestação de contas disponíveis ao público pela internet. Segundo ele, isso garante que qualquer órgão fiscalizador, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, tenha acesso aos dados da instituição.
As investigações da CPI do HMTJ continuam, mas ainda não há data definida para a próxima oitiva. O objetivo da comissão é esclarecer as responsabilidades pela crise financeira que afetou os serviços prestados no hospital ao longo do último contrato com o município.
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