O cenário econômico no Brasil tem levado os consumidores a parcelar cada vez mais suas compras de supermercado. Dados da GetNet, uma das principais empresas de pagamentos eletrônicos do país, mostram um aumento no uso de cartões para parcelar compras em supermercados, hipermercados e atacarejos. Entre agosto de 2023 e agosto de 2024, a proporção de transações parceladas no varejo alimentar subiu de 6,2% para 7,4%, com um tíquete-médio de R$ 270, marcando um aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Esse aumento no parcelamento tem gerado preocupações, especialmente em relação à inadimplência. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que consumidores que optam pelo parcelamento apresentam uma taxa de inadimplência 30% maior do que aqueles que pagam à vista. Embora o parcelamento possa parecer uma solução prática, ele frequentemente resulta em um ciclo de endividamento, pois muitos consumidores acabam comprometendo sua capacidade financeira ao acumular novas compras enquanto ainda estão pagando parcelas anteriores.
A situação é agravada pela alta dos preços dos alimentos, que dispararam nos últimos anos. Embora a renda real do consumidor tenha mostrado sinais de recuperação desde 2021, ela ainda não atingiu os níveis pré-pandemia, e a inflação dos alimentos aumentou 49%, segundo o IPCA. Especialistas alertam que parcelar itens essenciais, como alimentos, pode ser arriscado para a estabilidade financeira do consumidor.
Enquanto os lojistas veem um aumento nas vendas, eles também enfrentam desafios financeiros. A taxa de desconto sobre transações com cartão é maior no parcelamento, o que pressiona o fluxo de caixa. Assim, o setor precisa equilibrar o aumento das vendas com a realidade de um consumidor cada vez mais endividado, ressaltando a complexidade do cenário atual no varejo alimentar brasileiro.