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Áreas atingidas por queimadas em Setembro é quase duas vezes maior que Agosto

Com mais de 223 mil km² queimados em 2024, o Brasil atinge os maiores índices desde 2010

11/10/2024 às 12h30 Atualizada em 11/10/2024 às 12h33
Por: Redação
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Foto: Reprodução / Agência Brasil
Foto: Reprodução / Agência Brasil

Em setembro, o Brasil enfrentou um agravamento significativo da crise de incêndios florestais, com a área atingida pelas chamas ultrapassando 106 mil km², um aumento impressionante de 88% em relação aos 56 mil km² registrados em agosto. Os dados foram revelados pelo Monitor do Fogo, da plataforma MapBiomas, e divulgados na noite de quinta-feira (10). Esse novo recorde mensal acontece após agosto já ter registrado a maior área queimada desde o início da série histórica, em 2019.

O sistema BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também confirmou esses alarmantes números. Em agosto, o Brasil teve mais de 68 mil focos de incêndio, e em setembro esse número ultrapassou 83 mil, representando os maiores índices desde 2010. No acumulado do ano, a área queimada corresponde a uma extensão comparável ao estado de Roraima, totalizando mais de 223 mil km² de janeiro a setembro. Esse número representa um aumento de 133 mil km² em relação ao mesmo período de 2023, um salto de 150%.

A maioria da área queimada (73%) consiste em vegetação nativa, com as florestas representando um quinto do total. As pastagens foram o tipo de cobertura vegetal que mais queimou nas áreas agropecuárias, totalizando 46 mil km². Mais da metade (51%) da área queimada nos primeiros nove meses do ano está localizada na Amazônia.

"A severidade do período de seca na Amazônia, que normalmente ocorre de junho a outubro, foi particularmente intensa este ano, agravando ainda mais a crise de incêndios na região", destacou Ane Alencar, diretora de ciências do Ipam (Instituto de Pesquisa da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas Fogo, em comunicado. As mudanças climáticas estão intensificando esse cenário, desempenhando um papel crucial na propagação dos incêndios.

Em setembro, a Amazônia foi o bioma mais afetado, com mais de 56 mil km² queimados, em contraste com agosto, quando o cerrado teve a maior área atingida. Os estados mais impactados nos primeiros nove meses de 2024 foram Mato Grosso (55 mil km²), Pará (46 mil km²) e Tocantins (26 mil km²), que juntos representam 56% da área total queimada no país. Em termos percentuais, o fogo consumiu cerca de 6% do território de Mato Grosso, 4% do Pará e 9% do Tocantins.

Os municípios com as maiores áreas queimadas foram São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS), com 10 mil km² e 7.410 km² impactados, respectivamente. A temporada de incêndios em 2024 começou mais cedo do que o habitual, com grandes incêndios em Roraima em fevereiro e março, e chamas se alastrando pelo Pantanal a partir de junho. Essa situação é em grande parte explicada pela seca histórica que assola a maioria do território, influenciada pelo fenômeno El Niño, que é intensificado pelas mudanças climáticas.

A combinação de baixa umidade no solo e no ar, calor excessivo e vento forte facilita a propagação dos incêndios, cuja maioria tem origem humana. A ignição natural, que normalmente ocorre por meio de tempestades com raios, tem sido escassa em grande parte do Brasil. Além dos focos de incêndio que se originam em pastagens, plantações e áreas recém-desmatadas, o governo federal apontou um aumento nos incêndios em florestas nativas, indicando uma possível ação criminosa.

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