Quem não pôde assistir à grande final do clássico da Copa do Brasil/24 entre Flamengo e Atlético, na Arena MRV, em Belo Horizonte perdeu. Perdeu vários espetáculos ao mesmo tempo.
Primeiro foi o espetáculo da bola rolando, do drible bem feito, da entrega total dos jogadores dos dois times, do sufoco previsto mas sempre doído. O espetáculo do futebol.
Em seguida, perdeu a energia contagiante da torcida em coro, das famílias com crianças em campo, dos gritos sufocados, dos socos no ar, dos olhares desesperados e dos sorrisos largos… enfim, perdeu a vibração comum num dia de final entre times tão respeitados nacionalmente.
Já o terceiro espetáculo e daí por diante foi um misto de tristeza e decepção.
Ver representantes da torcida derrotada transformando a arena num palco de violência e insanidade. O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou? O futebol, esporte tão sonhado pelos pais por oferecer aos jovens disciplina, moldar o caráter, ensinar o sentido de vitória e derrota, transformando-se numa vitrine de intolerância, brutalidade, maldade e terror, tornando-se fonte inesgotável e alimento para a formação de pessoas inescrupulosas e desprovidas de senso de respeito a si e ao outro.
O que está acontecendo? O quarto espetáculo e não menos ridículo que o terceiro, foi a falta de empatia, de respeito, de senso de equipe e de sensibilidade por parte do clube anfitrião em manter o hino do time derrotado no último volume, mesmo durante a premiação do time campeão. O que está acontecendo?
E pra fechar a enxurrada de espetáculos pudemos ver o gigante dos gigantes, a estrela mais brilhante dos dois times, o ídolo atual de várias gerações se apequenando num discurso ainda velado, totalmente desnecessário para o momento, que só fez transferir os holofotes do título de campeão do time para ele.
Quanta imaturidade, despreparo emocional e necessidade de autoafirmação. Será que ninguém ensinou para ele que “ sair pela porta da frente, de cabeça erguida” é muito mais bonito e nobre? Que feio! Ao invés de partir para outras conquistas deixando apenas as boas lembranças que marcaram a trajetória no atual clube, deixa a lembrança de uma despedida marcada pela impulsividade e pelo egocentrismo.
O que está acontecendo? Por onde andas a educação socioemocional das pessoas?
As penalidades com certeza virão e é bom que venham, mas e o prejuízo às nossas crianças e jovem que são espectadores dessas barbáries?
É de responsabilidade de quem ?
Elivete Ribeiro
Pedagoga, educadora parental, autora de ConSerto para a Juventude - os pais no comando - consultora de pais e instituições de ensino. @eliveteribeiroconsultoria