A segunda edição da ExpoCannabis Brasil teve início nesta sexta-feira (15) em São Paulo, com expectativa de receber mais de 40 mil visitantes ao longo de três dias. Considerada a maior feira de cannabis da América Latina, o evento busca mostrar ao público as diversas aplicações da planta, que vão além do uso medicinal, abrangendo áreas como moda, construção civil, decoração e até fertilizantes.
Com programação diversificada, a feira oferece oficinas, aulas de yoga e meditação, sessões gratuitas de massagem com óleos essenciais e fóruns sobre legislação, uso medicinal e oportunidades de negócios. Entre as atrações musicais, estão os artistas Dawn Penn e Horace Andy.
Os organizadores destacam o objetivo de aproximar o tema de pessoas ainda resistentes à utilização da cannabis, muitas vezes devido ao estigma associado ao uso recreativo. O evento apresenta aplicações da planta em setores como medicina, odontologia e medicina veterinária, além de expor itens como tijolos e papéis feitos com cânhamo – uma "prima" da maconha com usos amplos na indústria têxtil, de biocombustíveis e outros segmentos.
"Queremos desmistificar preconceitos e levar informações reais sobre a versatilidade da cannabis", afirmou Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya Mind, empresa especializada em dados sobre o mercado da cannabis.
Dados do anuário da Kaya Mind mostram que o setor teve um crescimento de 34% entre 2023 e 2024, com mais de 6 mil produtos e 1,5 mil empresas atuando no Brasil. Um dos destaques do mercado é o segmento de sedas, que movimentou R$ 300 milhões este ano.
A CEO Maria Eugenia também destacou o aumento significativo no número de pedidos de habeas corpus para cultivo de cannabis medicinal no Brasil. “O Judiciário está sobrecarregado. É por isso que a regulamentação ampla está sendo discutida”, explicou.
Além de trazer inovação para o mercado, a ExpoCannabis reforça a importância da regulamentação. No Uruguai, o primeiro país a legalizar o cultivo, produção e venda de maconha em 2013, a regulamentação contribuiu para a redução do consumo entre menores de idade, conforme relatado por Mercedes Ponce de León, da ExpoCannabis Uruguay.
No Brasil, o uso medicinal da planta já beneficia mais de 600 mil pacientes, enquanto o mercado relacionado à cannabis movimenta mais de R$ 1 bilhão, incluindo setores como headshops e growshops.
A feira segue até domingo (17), no Centro de Exposições Anhembi, consolidando-se como um marco no debate sobre o futuro da cannabis no Brasil e no mundo.
