Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Consulting do Brasil revelou que 21% das mulheres brasileiras já foram ameaçadas de morte por parceiros ou ex-parceiros. Além disso, 60% das entrevistadas conhecem ao menos uma mulher que passou por essa situação. O levantamento destaca que as mulheres negras são as mais atingidas por essas ameaças e pelo feminicídio.
Divulgada nesta segunda-feira (25), a pesquisa contou com o apoio do Ministério das Mulheres e foi viabilizada por emenda parlamentar da deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP). Os dados mostram que, mesmo diante das ameaças, apenas 30% das vítimas registram queixa na polícia, e 17% solicitam medidas protetivas. A maioria das entrevistadas (60%) acredita que a impunidade dos agressores contribui para o aumento dos casos de feminicídio no país.
Outro dado alarmante aponta que 42% das mulheres ameaçadas acreditam que os agressores jamais cumpririam suas ameaças, subestimando o risco. Ainda assim, seis em cada dez vítimas conseguiram romper o ciclo de violência, sendo essa decisão mais comum entre mulheres negras.
Histórias que ecoam a tragédia
Casos como o de Camila, morta aos 17 anos por um ex-companheiro, exemplificam os números da pesquisa. Grávida e tentando se afastar do agressor, Camila foi assassinada com 12 facadas, na frente da filha do casal. O criminoso, preso por outro delito, foi condenado a 13 anos por feminicídio.
Zilma Dias, tia de Camila, também vivenciou um relacionamento abusivo. Durante anos, sofreu agressões físicas, psicológicas e patrimoniais, inclusive durante a gravidez. Após reunir coragem para deixar o agressor, conseguiu criar as filhas sozinha. O ex-companheiro, entretanto, continuou a trajetória violenta e, anos depois, matou outra parceira.
O ciclo de violência e a necessidade de suporte
Especialistas apontam que a dificuldade em romper com a violência está ligada ao ciclo de agressões. Nesse processo, o agressor alterna entre episódios de violência, pedidos de perdão e momentos de aparente calma, dificultando a decisão da vítima de abandonar o relacionamento.
Embora 80% das mulheres avaliem positivamente a rede de atendimento, elas consideram que os serviços não conseguem atender à demanda. Além disso, 90% das participantes afirmam que o feminicídio aumentou nos últimos cinco anos, reforçando a necessidade de campanhas de conscientização e ações governamentais mais efetivas.
Como buscar ajuda
A pesquisa completa está disponível no site do Instituto Patrícia Galvão, onde também há informações sobre os diferentes tipos de violência. Mulheres em situação de risco podem ligar para o número 180, procurar delegacias especializadas ou unidades da Casa da Mulher Brasileira, disponíveis em dez cidades do país.
A conscientização e o fortalecimento de políticas públicas são passos essenciais para combater a violência doméstica e proteger as mulheres brasileiras.