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Consumo cultural cresce no Brasil em 2024, mas desigualdades sociais ainda limitam acesso

Novelas, espetáculos e streaming lideram a preferência; barreiras financeiras e insegurança dificultam acesso para parte da população

28/11/2024 às 15h20
Por: Redação
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Foto: Istock
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O consumo cultural no Brasil registrou aumento em 2024, com destaque para a popularidade das novelas e a retomada de espetáculos presenciais. No entanto, disparidades socioeconômicas continuam a influenciar os hábitos culturais da população, aponta a pesquisa Hábitos Culturais 2024, conduzida pelo Observatório Fundação Itaú e pelo Datafolha.

De acordo com o levantamento, que ouviu 2.494 brasileiros entre 16 e 65 anos, 97% afirmaram ter participado de pelo menos uma atividade cultural no ano. O consumo remoto apresentou crescimento expressivo, com 88% dos entrevistados realizando atividades online mensalmente, superando os 72% de 2023. O streaming manteve sua liderança, com músicas (83%), filmes (73%) e séries (69%) sendo os formatos mais consumidos.

As atividades presenciais também registraram aumento. Entre os destaques, as novelas foram mencionadas por 56% dos entrevistados, enquanto espetáculos de dança e atividades infantis cresceram significativamente. As salas de cinema também ganharam espaço, com 38% de frequência, acima dos 33% do ano anterior. Apesar disso, fatores como insegurança e violência ainda afastam 35% das pessoas desses eventos, especialmente entre negros e indivíduos de classes mais vulneráveis.

A pesquisa também revelou desigualdades no acesso. Enquanto 59% das pessoas das classes D e E optam por atividades gratuitas, esse índice é de apenas 23% entre as classes A e B. As barreiras financeiras foram mencionadas por 35% dos entrevistados como impeditivo, destacando a necessidade de políticas culturais que reduzam esses entraves.

Carla Chiamareli, gerente do Observatório Fundação Itaú, reforça a importância de integrar cultura, mobilidade urbana e segurança para garantir acesso igualitário. "As comunidades mais vulneráveis vivem longe dos centros urbanos, onde se concentram atividades culturais. Uma política integrada é essencial para alcançar um acesso efetivo à cultura", afirmou.

O levantamento ainda apontou uma queda na leitura de livros digitais, que passou de 42% em 2023 para 36% neste ano, enquanto os livros impressos mantiveram 52% de preferência. As causas para o afastamento das atividades culturais incluem cansaço (26%), falta de horário (25%) e distância dos eventos (24%), evidenciando que a acessibilidade vai além de questões financeiras.

O estudo reflete o desafio de democratizar o acesso à cultura, mesmo com o avanço nas preferências por atividades remotas e a retomada do consumo presencial.

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