Após oito anos de espera por um transplante compatível, Towana Looney, uma paciente norte-americana de 53 anos, tornou-se a única pessoa no mundo a viver com um rim de porco geneticamente modificado. O procedimento, realizado no último mês, foi autorizado pelo Food and Drug Administration (FDA) como parte de um programa experimental destinado a pacientes sem outras opções médicas.
Towana enfrentava insuficiência renal desde 1999, após doar um rim para sua mãe. Durante a gravidez, ela desenvolveu complicações por hipertensão que agravaram sua condição, levando-a à hemodiálise em 2016. Apesar de anos na lista de transplantes, não encontrou um doador compatível.
A cirurgia foi realizada pelo NYU Langone Transplant Institute e liderada pelo médico Robert Montgomery, uma autoridade no campo do xenotransplante. Durante o procedimento, que durou sete horas, um rim de porco com dez modificações genéticas foi transplantado para o abdômen inferior da paciente. Essas modificações incluíram a remoção de antígenos imunogênicos e a adição de transgenes humanos para reduzir o risco de rejeição.
O órgão começou a funcionar antes mesmo de Towana despertar da cirurgia, com exames indicando que está eliminando creatinina de forma eficiente. A paciente teve alta hospitalar em 6 de dezembro e agora realiza acompanhamento diário, com previsão de alta definitiva em três meses.
“Eu costumava fazer uma tarefa, sentar para descansar e depois fazer outra. Agora sou multitarefas”, disse Towana em entrevista divulgada pelo hospital. Ela relatou ter recuperado o apetite e já se sente próxima de sua rotina anterior.
O transplante de Towana representa um marco na evolução do xenotransplante, prática que envolve o transplante de órgãos entre espécies. Desde o primeiro procedimento do tipo em 2021, apenas quatro outros pacientes receberam rins de porco, mas não resistiram devido à gravidade de suas condições prévias.
Robert Montgomery destacou a importância do caso: “Towana representa o ápice do progresso que fizemos no xenotransplante desde a primeira cirurgia. Ela serve como um farol de esperança para aqueles que lutam contra a insuficiência renal”.