Os preços nas padarias mineiras devem começar 2025 em alta, impactados pela inflação que afeta tanto o café quanto o pão francês. Além disso, o setor enfrenta dificuldades para atrair e reter mão de obra, o que também influencia os custos. O panorama foi apresentado por Vinicius Dantas, presidente da Amipão, entidade que representa o Sindicato das Indústrias de Panificação de Minas Gerais (Sip) e a Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amip).
De acordo com Dantas, o café pode iniciar o ano com um aumento acumulado de até 60%. Em 2024, a bebida já havia subido cerca de 40%, e a previsão é de um reajuste adicional de 20% até o final de janeiro. O motivo principal são fatores climáticos e a baixa produtividade nas lavouras.
"O café teve um aumento significativo, mas justificado pelas intempéries climáticas", explicou o presidente.
Embora o índice de aumento para o pão francês ainda não tenha sido confirmado, a alta do dólar está pressionando o setor, especialmente os custos relacionados à farinha de trigo.
Rubens Barbosa, presidente-executivo da Abitrigo, afirmou que a volatilidade cambial, somada à redução na produção nacional e às dificuldades climáticas, está elevando os custos dos moinhos, o que inevitavelmente impactará toda a cadeia produtiva.
O Brasil, que importa cerca de 60% do trigo da Argentina, também pode sofrer reflexos das negociações entre Argentina e China.
"Se a China passar a comprar mais trigo da Argentina, o mercado brasileiro será diretamente afetado", observou Dantas.
Além dos custos dos insumos, as padarias enfrentam dificuldades para contratar e reter funcionários, o que deve impactar ainda mais os preços. A necessidade de reajustar salários em 6% a 7%, além de oferecer benefícios adicionais, como plano odontológico e ticket alimentação, é uma das medidas previstas para atrair profissionais e reter os atuais.
"Estamos perdendo muitos funcionários por baixos salários, e isso tem pressionado o setor", lamentou Dantas.
Segundo ele, cargos essenciais, como atendentes e padeiros, são os mais afetados. A concorrência com aplicativos de serviços, que oferecem condições de trabalho menos reguladas, também tem agravado a situação. "A CLT, que está ultrapassada, precisa ser revista. Hoje, um funcionário custa o dobro em encargos, enquanto os aplicativos não têm as mesmas obrigações, como férias ou 13º salário", criticou o presidente da Amipão.
Outro desafio destacado por Dantas é a baixa produtividade do setor. Ele exemplifica que, para cada R$ 10 mil em vendas de uma padaria de pequeno porte, apenas um novo posto de trabalho é gerado.
"Nosso setor está enfrentando muitas dificuldades, e isso exige mudanças estruturais para garantir a sustentabilidade das empresas", concluiu.
O cenário econômico, combinado com os desafios estruturais, aponta para aumentos expressivos nos preços de produtos em padarias mineiras, colocando o consumidor no centro dos impactos dessas dificuldades.