A defesa de Adele fez um pedido milionário à Justiça do Rio de Janeiro no contexto do processo de plágio envolvendo a música Mulheres, de Toninho Geraes. Os advogados da cantora solicitaram um depósito em juízo de R$ 1 milhão.
O valor seria necessário para cobrir os prejuízos causados pela decisão liminar, que determinou a retirada da canção Million Years Ago das plataformas digitais por ser considerada um plágio. De acordo com a equipe jurídica da artista, o valor solicitado seria para "cobrir prejuízos já causados e os que possam vir a ocorrer durante a vigência da decisão liminar".
Por outro lado, a defesa de Toninho, liderada pelo advogado Fredímio Biasotto Trotta, destaca que a música ainda não foi retirada das plataformas. Além disso, lembra que o pedido de depósito em juízo não é uma prática comum no sistema judiciário brasileiro.
"Quanto à vileza do pedido feito na data de hoje, abaixo da linha da cintura, além da insistência da Universal em peticionar indevidamente em nome da cantora, do produtor e da gravadora, o pedido de caução é inteiramente descabido, porque nossos tribunais não exigem a prestação de tal modalidade de garantia quando a probabilidade do direito é alta, em sede de concessão de liminar, como é o caso", afirmou o advogado em comunicado enviado ao Estadão. A Universal foi contatada para se manifestar sobre o caso, mas ainda não havia se pronunciado até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.
A defesa de Toninho também afirma que o pedido de "caução" visa criar uma "cortina de fumaça" para desviar a atenção das acusações contra a música. "O que a petição dos demandados não confessa, mas verdadeiramente pretende, é levantar uma cortina de fumaça para desviar o foco das denúncias tanto no âmbito civil quanto no criminal, e, de outro lado, tentar intimidar o compositor plagiado com uma cifra absurda supostamente pretendida por Adele, sem respaldo fático ou legal, em mais um expediente repugnante e de litigância de má-fé. Seu novo artifício será devidamente repudiado nos autos do processo, com pedido de aplicação das penalidades cabíveis à espécie", diz o comunicado.
Na semana passada, a defesa de Toninho protocolou uma notícia-crime e um incidente de falsidade processual após suspeitar de irregularidades em assinaturas apresentadas nos documentos do caso. "A defesa ressalta que a Universal Music se calou, publicamente e no processo, sobre a notícia-crime e o incidente de falsidade das procurações supostamente outorgadas por Adele, Greg Kurstin e Beggars Group, silenciando diante dos graves fatos noticiados", explicaram os advogados.
Segundo Trotta, a situação começou com a ausência de Adele, Greg Kurstin e dos dirigentes da Beggars Group em uma reunião de conciliação ocorrida no dia 19 de dezembro. O advogado alega que a equipe que representou os réus no encontro teria apresentado procurações para atuar no caso, e que no documento contendo a assinatura de Adele havia sinais de adulteração, com rabiscos, riscos e entrelinhas manuscritas.