O Brasil figura entre os maiores consumidores de cosméticos do mundo, mas, junto a esse cenário, cresce também o número de casos de alergias graves relacionadas ao uso exagerado e indiscriminado desses produtos. Dermatologistas alertam que o consumo precoce e sem orientação médica tem sido incentivado pela febre dos produtos de beleza nas redes sociais, onde influenciadores criam uma falsa sensação de urgência e necessidade.
“Acreditar no conceito de que ‘menos é mais’ é essencial. Muitos cosméticos contêm ingredientes que podem causar sensibilizações ao longo do tempo, mas isso varia de pessoa para pessoa”, explica Dulcilea Ferraz, dermatologista da Santa Casa BH. Ela destaca a importância de procurar um especialista para realizar testes de contato e identificar possíveis substâncias alergênicas.
Casos como o de Caroline Braga, analista internacional de 25 anos, ilustram o problema. Após anos de uso intenso de maquiagem, ela descobriu ser alérgica ao níquel, um componente comum em esmaltes, maquiagens e bijuterias. “Desde a infância, usava cosméticos acreditando que ajudavam na hidratação, mas só pioravam minha condição”, relata Caroline, que reformulou sua rotina de beleza com ajuda médica e cosméticos específicos.
As reações alérgicas nem sempre ocorrem no local de aplicação do produto, como esclarece a dermatologista. “Muitas pessoas desenvolvem alergias a esmaltes que se manifestam nas pálpebras, rosto ou pescoço, com lesões avermelhadas, coceira intensa e até inchaço”, explica Dulcilea.
O mercado tem se adaptado à demanda por produtos mais seguros. Em Belo Horizonte, a loja “Alergopoint” oferece atendimento personalizado para clientes com alergias, comparando a composição dos cosméticos com os resultados de testes alérgicos. No entanto, especialistas alertam que nem todos os produtos rotulados como hipoalergênicos são eficazes para todos os casos, reforçando a necessidade de acompanhamento médico.
Com o aumento das alergias entre adolescentes e adultos, dermatologistas reforçam a importância de limitar o uso de cosméticos e priorizar produtos indicados por profissionais. “O cuidado com a pele deve ser personalizado e consciente, evitando os riscos do consumo desenfreado”, conclui Dulcilea.